Práticas de leitura no ensino médio: uma questão de letramento

Abstract

Esta pesquisa aborda as práticas de leitura desenvolvidas por estudantes de ensino médio de uma escola pública de um município pertencente à Associação de Municípios da Região de Laguna (AMUREL), relacionando-as a práticas de letramento. Fundamenta-se, principalmente, no aporte teórico construído por Soares (2022), Tfouni (2010) e Kleiman (1995) sobre a prática da decodificação e sua diferenciação da leitura, e a distinção entre alfabetização e letramento, bem como suas aproximações; Petit (2009; 2010; 2019), Britto (2012; 2015), Freire (2021), Freire e Macedo (2021) e Lajolo e Zilberman (2019) sobre os efeitos da leitura para a formação das pessoas; e Larrosa (2011) sobre a valia da experiência de leitura para a formação humana. O objetivo geral da pesquisa foi conhecer e compreender as práticas de leitura desenvolvidas por estudantes de ensino médio, estabelecendo um diálogo entre os resultados da pesquisa e as concepções teóricas sobre o tema, a fim de verificar se essas práticas contribuem para o letramento dos alunos. Para isso, realizou-se uma pesquisa de campo, sob uma abordagem quali-quantitativa, com alunos e professores de duas turmas de terceiro ano do ensino médio de uma escola pública, como também com a responsável pela biblioteca da escola. A pesquisa se deu pela aplicação de questionários e pela realização de entrevistas semiestruturadas. Para tanto, as categorias de análise se deram em torno das práticas de leitura dos professores, e dos alunos, dentro e fora da escola. Para embasar o estudo, utilizou-se alguns resultados da 5ª edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que traz um panorama geral sobre o cenário de leitores no país. Como resultado, este estudo revelou debilidades nas práticas de leitura dos professores, sobretudo por falta de tempo, bem como nos modos de lidar com a leitura na sala de aula. Além disso, a pesquisa mostrou que os estudantes – em sua maioria – não são leitores para além dos muros da escola, o que os deixa dependentes dos momentos de leitura na sala de aula, culminado em dificuldades de leitura e interpretação. Em suma, o cenário identificado foi de ausência de práticas de leitura que concorrem para práticas de letramento e para a formação dos jovens alunos.