Trabalho, migração e vulnerabilidade: experiências de migrantes nos frigoríficos de Forquilhinha e Nova Veneza

Abstract

Nesta tese, realizada no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico, na linha de pesquisa “Trabalho e Organizações”, buscamos retratar as experiências de trabalhadores que se deslocam por meio de migração para atuar nos frigoríficos de processamento de aves das cidades de Forquilhinha e Nova Veneza-SC. Nas duas cidades pesquisadas, encontram-se unidades frigoríficas da multinacional JBS. Os migrantes desta tese são oriundos da região Nordeste, e em geral deixaram o local de origem em busca de modificar uma situação de vulnerabilidade econômica e social. Objetivamos assim compreender a situação de vulnerabilidade outrora experimentada e verificar se houve permanência desta condição após a migração. Para a realização desta pesquisa, de cunho qualitativo, utilizamos como principal recurso a história oral, através de entrevistas com treze pessoas, entre estas trabalhadores e ex-trabalhadores migrantes dos frigoríficos, além de outros entrevistados diretamente relacionados com a temática. O desenvolvimento de grande parte da tese no período pandêmico impôs uma série de dificuldades, entre elas a redução da quantidade de entrevistados. Buscamos compensar estas limitações nos aprofundando ainda mais em diversas fontes bibliográficas, como teses, dissertações, artigos e pesquisas em órgãos oficiais do governo federal, estadual e municipal. Utilizamos como norteadores alguns conceitos como: experiência, trabalho, a Teoria dos Desenvolvimentos Desiguais, vulnerabilidade, redes sociais, assim como diversas contribuições sobre a temática migração. Através desta investigação buscamos compreender as experiências vivenciadas não somente em seu ambiente laboral, mas também em sua vida social e familiar. As informações coletadas serviram para demonstrar que os migrantes conseguiram parcialmente se dissociar do status de vulnerabilidade a que estavam suscetíveis no momento da migração, seja através de emprego e renda, seja por maior acesso aos serviços públicos; por outro lado, incorrem na vulnerabilidade gerada pela distância dos familiares, pelas situações de não aceitação de sua condição migrante por parte da população local, e, principalmente, pela precarização do trabalho vivenciada dentro dos frigoríficos da JBS.