Modelagem do uso da terra e planejamento territorial da região carbonífera do sul de Santa Catarina, Brasil

Abstract

O estudo do uso e cobertura da terra vem tomando proporções cada vez maiores, principalmente devido ao acelerado processo de mudança do uso e cobertura da terra nas últimas décadas e aos possíveis impactos ambientais e socioeconômicos associados. O trabalho se propõe a realizar o cenário para o ano de 2040 do uso e cobertura da terra para o território que compreende a Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Santa Catarina), utilizando para isso o mapeamento do uso e cobertura da terra dos anos de 1999 e 2019, associados à variáveis explicativas e restritivas. A previsão, realizada no Land Change Modeler, teve como enfoque as transições futuras para a classe Áreas artificializadas, a qual é composta majoritariamente pelas áreas urbanas dos municípios. O modelo apontou um aumento expressivo da classe Áreas artificializadas nas proximidades das vias existentes e das áreas urbanas já consolidadas, portanto próximo às áreas dotadas de infraestrutura. Tal tendência revela a conurbação, já em curso, entre os municípios de Criciúma e Içara, além da muito provável conurbação futura entre Criciúma e os municípios do entorno, estimulada a sua vez pela interligação entre as rodovias estaduais. Nota-se esta mesma tendência entre os municípios de Balneário Rincão e Içara, principalmente ao longo das vias no sentido noroeste que interligam os dois municípios. No caso de Balneário Rincão, é evidente, ademais, o adensamento no entorno das lagoas, tendência esta que já vem ocorrendo nos últimos anos. O município de Siderópolis, apesar de também limitar-se com Criciúma, representa um caso à parte, pois a barreira topográfica existente entre os dois municípios acaba quase por isolar Siderópolis. Os municípios de Treviso, Urussanga, Lauro Müller e Orleans, apesar de também possuírem interligação entre si por meio das rodovias estaduais, para o ano de 2040, ainda não apresentam um cenário provável de junção de seus tecidos urbanos. A existência destes dois panoramas, de acordo com os dados apresentados, está ligado também à fatores populacionais e econômicos. A previsão para o ano de 2040 representa uma importante ferramenta para o planejamento regional, pois, possibilitou prever a configuração espacial do uso e cobertura da terra, vislumbrar quais áreas estarão mais susceptíveis à mudanças e em quais possivelmente se dará a expansão urbana. Logo, em um contexto regional, representa um importante indicador de quais áreas devem receber enfoque nas ações de planejamento e quais devem ser priorizadas pelas políticas públicas.