A experiência do diagnóstico de câncer para um grupo de pacientes acometidos pela doença

Abstract

Assistir a um paciente oncológico é uma tarefa verdadeiramente desafiadora, tanto pelo sofrimento e demais sentimentos experienciados pelo próprio paciente e por seus familiares, quanto pelo desconhecimento e consequente despreparo observados na conduta diária dos profissionais que deles cuidam. O momento da revelação do diagnóstico de uma neoplasia maligna, assim como os demais fenômenos inerentes ao ser humano, independentes de suas naturezas, não segue uma regra lógica encontrada em manuais, uma sequência matemática e previsível. É um momento complexo, carregado de particularidades, sentimentos e significações próprias a cada sujeito e sua trajetória de vida. Esta investigação estuda a representação que o impacto do momento da revelação do diagnóstico de câncer tem para um determinado grupo de pacientes acometidos pela doença. Busca, em sua proposta central, uma melhor compreensão da significação e peso que este momento, o momento da revelação do diagnóstico de câncer, tem para estes sujeitos, considerando, para isso, todos os dinamismos que envolvem o homem em sua trajetória: o psicológico, o sociocultural e, inevitavelmente, suas relações com os outros, com o mundo e com ele próprio. Estudo qualitativo, de caráter exploratório descritivo, seguindo a linha da Teoria das Representações Sociais (TRS), de Serge Moscovici, numa abordagem materialista histórica. A seleção dos sujeitos do estudo deu-se de maneira intencional, respeitando-se, para isso, alguns critérios de inclusão previamente estabelecidos, após minuciosa avaliação dos registros dos prontuários de todos os pacientes em tratamento quimioterápico antineoplásico no Centro de Apoio Oncológico – CAON, no Hospital São José, município de Criciúma, Santa Catarina. Após o processo seletivo, foram realizados contatos telefônicos para explicação da natureza e propósito do estudo, sendo agendadas, neste momento, visitas domiciliares, ocasiões, estas, destinadas para a etapa da coleta de dados, que utilizou como instrumento norteador a entrevista semiestruturada, com o auxílio da gravação de áudio. Após transcrição literal das falas dos sujeitos do estudo, os dados encontrados foram tabulados e analisados à luz do Discurso do Sujeito Coletivo, de Lefèvre e Lefèvre (2000). Convém ressaltar que o estudo obedeceu todos os preceitos éticos que norteiam e normatizam as pesquisas envolvendo seres.