Efeitos da periodontite apical expermental contaminada com enterococcus faecalis sobre órgãos periféricos de ratos wistar adultos

Abstract

A periodontite apical (PA) é uma infecção inflamatória crônica oral, que na maioria dos casos resulta da cárie dentária, traumatismo dental e da periodontite crônica. Após a contaminação da polpa dental pelas bactérias presentes na cavidade oral, a polpa inflamada acaba necrosando. Este processo inflamatório, induz a produção de mediadores inflamatórios que chegam à circulação sanguínea e podem contribuir para o agravamento de diversas doenças sistêmicas. O objetivo deste trabalho foi avaliar se a periodontite apical induzida e contaminada com E. faecalis pode causar inflamação sistêmica, alterações intestinais e cognitivas em modelo experimental de PA. Foram utilizados 80 ratos Wistar machos adultos (60 dias, 250-300 g), onde foi induzida a PA. Foram divididos em grupo controle/salina (n=20); controle/E. faecalis (n=20); PA/salina (n=20); PA/E. faecalis (n=20). No grupo PA/salina 10 μL de solução salina foram colocados no interior do canal e selado a cavidade de acesso com cimento de ionômero de vidro e no grupo e PA/ E. faecalis 10 μl de solução bacteriana de E. faecalis foi colocado no interior do canal e selado a cavidade de acesso com cimento de ionômero de vidro. No grupo controle/ E. faecalis não foi realizado acesso endodôntico e os animais receberam 10 μl de suspensão bacteriana em swab aplicado diretamente na cavidade oral do animal e o grupo controle/salina recebeu 10 μl de suspensão salina em swab aplicado diretamente na cavidade oral. Após o experimento os animais retornaram para o biotério em suas caixas moradias. No 10º dia após a indução da lesão, foram realizados os testes comportamentais de habituação ao campo aberto e esquiva inibitória, além da tomografia computadorizada de mandíbula. No 21º dia foi realizado novamente os testes comportamentais e tomografia computadorizada e após a eutanásia, foi realizada coleta de amostras do íleo, baço, timo, coração e soro para análises imunoquímicas e histológicas. Em 10 dias os animais dos grupos PA/salina, controle/E. faecalis e PA/E. faecalis apresentaram dano de memória, entretanto aos 21 dias somente o grupo PA/ E. faecalis manteve o dano de memória de longo prazo e aversiva quando comparados aos controles. Com relação aos parâmetros inflamatórios, verificou-se que os níveis de TNF-α, IL-1β, IL-6 e IL-10 e parâmetros oxidativos estiveram exacerbados em praticamente todos os grupos, com exceção do grupo controle/ salina, no soro e estruturas periféricas baço, timo e coração. Além disso, o grupo PA/ E. faecalis demonstrou diferença de seus níveis de citocinas comparado ao grupo controle/salina e ao grupo PA/salina em praticamente todas as estruturas avaliadas. Na avaliação do íleo verificou-se ainda que o comprimento das vilosidades e das criptas foi reduzido nos grupos PA/ salina e PA/ E. faecalis em comparação com seus grupos controle, com piora expressiva no grupo PA/ E. faecalis quando comparado a PA/ salina. Com estes resultados verificou-se que o processo infeccioso por E. faecalis exacerba parâmetros inflamatórios e oxidativos em modelo animal de PA, resultando em espécies reativas de oxigênio (EROs) circulantes na periferia, danos em órgãos secundários e aumento da permeabilidade intestinal. Além disso, o processo infecioso correlacionou-se a dano de memória nos grupos lesionados.