Consumo alimentar de adultos e idosos durante a pandemia de COVID-19 no sul do Brasil

Abstract

Introdução: A transição nutricional reflete a evolução dos padrões alimentares ao longo do tempo, que foram influenciados por fatores socioeconômicos, culturais e ambientais. Dentro do cenário da pandemia de Covid-19, houve mudanças no estilo de vida mundial e, neste período de restrição social, alguns aspectos da sociedade acabaram sendo afetados, inclusive a alimentação. Objetivo: Avaliar o consumo alimentar e seus fatores associados em adultos e idosos durante a pandemia de Covid-19 em dois municípios do Sul do Brasil. Metodologia: Trata-se de estudo transversal de base populacional, intitulado “Mental Covid: impacto da Covid-19 na saúde mental da população”, realizado entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, com indivíduos de 18 anos ou mais de idade, residentes na área urbana dos municípios de Criciúma - SC e Rio Grande – RS. O processo amostral ocorreu através de sorteio dos setores censitários e sorteio dos domicílios. As variáveis dependentes foram: qualidade da dieta, consumo de alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados; mudança na quantidade e qualidade da alimentação durante a pandemia. As variáveis independentes foram sexo, idade, cor da pele, escolaridade, mora sozinho, índice de bens, trabalho atual, qualidade do sono, excesso de peso, prática suficiente de atividade física, sintomas depressivos e estresse. Foram realizadas análises descritivas para todas as variáveis. Análises brutas e ajustadas das associações foram realizadas por Regressão de Poisson, com nível de significância de 5%. Para as análises ajustadas, foi construído modelo hierárquico e consideradas como possíveis fatores de confusão as variáveis independentes que apresentaram nível de significância de 20% (valor p<0,20). Foi utilizado o programa STATA versão 16.1 para todas as análises estatísticas. Resultados: Foram estudados 2.170 indivíduos. Cerca de um terço (35,7%) deles apresentou menor consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e 30,1% apresentaram maior consumo de alimentos ultraprocessados. A melhor qualidade da dieta foi identificada em 42,1% dos indivíduos e 30,4% apresentaram pior qualidade da dieta. Um terço dos indivíduos referiram comer mais (31,4%) enquanto 11,4% relataram comer menos. Em relação à qualidade da alimentação, 18,2% reportaram consumir mais alimentos não saudáveis e 18,8% mais alimentos saudáveis. Conclusão: Mudanças nos padrões alimentares foram observados no estudo, evidenciando que a pandemia de Covid-19 afetou a alimentação e os hábitos de vida da população. Ressalta-se que houve melhora no consumo de alimentos mais saudáveis, entretanto, o consumo de alimentos ultraprocessados também foi relatado. Os resultados destacam a importância de ações de saúde pública e fortalecimento de políticas públicas visando a promoção de saúde da população afetada durante a pandemia, principalmente aos fatores relacionas à alimentação.