O impacto do acesso às tecnologias de informação e comunicação na saúde mental e na imagem corporal de escolares brasileiros

Abstract

Introdução: Plurais são os fenômenos que enlaçam o desenvolvimento infantojuvenil, observando-se que inúmeros fatores, podem servir de proteção ou agravos à sua saúde, física e mental. Dessa forma, compreender vínculos, autoimagem, territórios reais e subjetivos, são questões essenciais para o desenvolvimento de Políticas Públicas eficazes para a Saúde Coletiva. As existências sociais reais e virtuais, permeadas através das Tecnologias de Informação e Comunicação precisam ser alvo de atenção, sobretudo, nessa população. Objetivo: Analisar o impacto do acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação na Saúde Mental e na Imagem Corporal dos Escolares brasileiros. Método: Pesquisa conduzida com dados secundários obtidos através da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE – 2019). Foram analisados 125.123 questionários de Escolares entre 13 e 17 anos de idade, de Escolas públicas e privadas, frequentando do 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Para testar a associação entre acesso à tecnologia, saúde mental e imagem corporal, utilizou-se o teste de qui-quadrado. Para todas as análises estatísticas adotou-se o valor de p < 0,05 para indicar diferença estatisticamente significativa entre os grupos. As análises foram realizadas no software estatístico SPSS, versão 23.0 Ibm®. Resultados: A maioria dos participantes está na faixa-etária dos 13 aos 15 anos e são do sexo feminino, declararam-se, predominantemente, de cor parda, residentes no Nordeste do Brasil. Acerca da Saúde Mental dos Escolares com acesso à tecnologia; (80,2%) afirmam ter 3 amigos, ou mais; que “sempre” (27,7%), ou “na maioria das vezes” (30,7%), sentem-se preocupados com situações corriqueiras, e ainda, que na “maioria das vezes” (19,5%) ou “às vezes” (36,4%) apresentam sentimentos de tristeza. No entanto, referiram que nunca (27,8%) sentem que não são alvos de preocupações de terceiros e “nunca” (50%) sentem que a vida não vale a pena ser vivida. Quanto à imagem corporal, (61,2%) da amostra total, demonstram satisfação ou muita satisfação com relação aos próprios corpos, porém, os sentimentos de “muita satisfação” (33,5%) foram respondidos por adolescentes que não possuem acesso à tecnologia. Em relação à percepção acerca dos seus corpos, mostrou-se alto o percentual na categoria “normal”, com destaque para (20,9%) dos adolescentes com acesso à tecnologia que se consideram “gordos” e que estão “tentando perder peso” (31,2%). Conclusão: O acesso à tecnologia por um lado confere grandes avanços na comunicação e acesso a informações, mas os efeitos dessa alta acessibilidade vem demonstrando efeitos para a saúde mental de adolescentes. Apesar de, nesse estudo, observar-se uma boa interação social entre os adolescentes que tem acesso à tecnologia, a preocupação, os sentimentos de tristeza e a autoimagem parecem ser impactadas de forma negativa. Esses impactos se refletem em necessidades de atenção do sistema de saúde, para a abordagem dessa temática com foco de atividades de educação em saúde, bem como a equipe de saúde precisa estar preparada para lidar com esses efeitos na população adolescente adscrita, a qual por vezes é negligenciada pela agenda da atenção primária em saúde.