Investigação experimental da relação entre a sepse pós-acidente vascular cerebral isquêmico e o estresse oxidativo periférico: um panorama entre machos e fêmeas

Abstract

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença que apresenta altas taxas de incidência, mortalidade e incapacidade, e a gravidade da doença pode ser afetada por vários fatores de risco e comorbidades. Pode ser classificado em AVC isquêmico (AVCi) e AVC hemorrágico (AVCh), sendo o AVCi mais prevalente. Mesmo com alta mortalidade, globalmente, mais de 80 milhões de pessoas sobreviveram a um AVC. Assim, das morbidades decorrentes do AVC, a infecção pós-AVC é comumente exibida podendo piorar o desfecho da doença e aumentando o risco de desenvolvimento de sepse. Nesse contexto, é sabido que o estresse oxidativo causa comprometimento funcional de órgãos periféricos na sepse. Diante disso, este estudo teve por objetivo estudar o desenvolvimento do estresse oxidativo, decorrente de sepse pós-AVCi em órgãos periféricos. Foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas de 60 dias de idade. Os grupos experimentais foram aleatoriamente divididos em sham+sham machos, sham+sham fêmeas, MCAO+sham machos, MCAO+sham fêmeas, sham+CLP machos, sham+CLP fêmeas, MCAO+CLP machos, MCAO+CLP fêmeas. Os animais foram submetidos ao AVCi pelo modelo experimental de oclusão da artéria cerebral média (MCAO) por 60 minutos ou sham. Após 7 dias de reperfusão foram submetidos à sepse pelo modelo experimental de ligação e perfuração cecal (CLP) ou sham e em 24h após realizada a punção cardíaca para retirada do soro seguido da retirada do cérebro total, amostras de pulmão, fígado, coração e baço. Foram avaliados edema cerebral, atividade de mieloperoxidade (MPO), concentração de nitrito/nitrato, dano oxidativo em lipídios e proteínas e a atividade da enzima catalase (CAT). Os dados foram avaliados por ANOVA seguido pelo teste post hoc Tukey e considerados significantes para p<0,05. Foi verificado uma potencialização do aumento de edema cerebral em ratos machos quando induzidos a sepse pós-AVCi sobre animais submetidos somente ao AVCi. No efeito da sepse pós-AVCi em órgãos periféricos e soro, foi encontrado somente em machos um aumento da atividade da MPO como indicativo de infiltrado de neutrófilos em diferentes órgãos e soro em animais submetidos a sepse pós-AVCi. Nos níveis de nitrito/nitrato a potencialização de sepse pós-AVCi foi mais evidente em fêmeas. Em relação ao estresse oxidativo, houve uma variabilidade no que se refere ao sexo. De maneira geral percebeu-se um aumento de parâmetros de estresse oxidativo somente em animais submetidos a sepse pós-AVCi ou com aumento potencializado nesse grupo em relação aos demais. Os animais submetidos ao modelo de AVCi tornam-se de fato mais vulneráveis aos efeitos deletérios da sepse no que refere-se ao edema cerebral e ao estresse oxidativo sistêmico e em órgãos periféricos. Além disso, ocorre uma variabilidade de acordo com o parâmetro avaliado em relação a diferença de sexo. Tal resultado remete a possibilidade de futuras investigações mais direcionadas para o envolvimento das diferenças de gêneros aplicadas aos parâmetros aqui avaliados.