Efeitos da liraglutida na instabilidade genômica em camundongos Swiss que receberam dieta hiperlipídica

Abstract

Dentre as doenças crônicas mais incidentes na população, destaca-se a obesidade. Os fatores de risco incluem uma combinação de fatores genéticos, metabólicos e am-bientais, que interagem entre si contribuindo para a prevalência e consequências. Me-canismos fisiopatológicos estão associados a obesidade, como desequilíbrio energé-tico, resistência à insulina, inflamação crônica, alteração no sistema nervoso central, disbiose intestinal, podendo resultar em danos em diversas macromoléculas, como o DNA. A liraglutida é um agente promissor para o tratamento da obesidade, uma vez que age no controle glicêmico e no mecanismo de saciedade alimentar. Baseado nes-ses achados, o objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da liraglutida na instabili-dade genômica em camundongos Swiss que receberam dieta hiperlipídica (DH). Fo-ram utilizados camundongos Swiss machos entre 40 e 60 dias de vida, divididos em 4 grupos experimentais (n = 6 animais por grupo): Grupo 1 (Controle) – recebeu dieta padrão e salina via subcutânea; Grupo 2 (Dieta Hiperlipídica) - recebeu dieta hiperli-pídica e salina (0,9%) via subcutânea; Grupo 3 (Liraglutida) - recebeu dieta padrão e liraglutida dose 0,15 mg/kg via subcutânea; Grupo 4 (Dieta hiperlipídica + liraglutida) - recebeu dieta hiperlipídica e liraglutida 0,15 mg/kg via subcutânea. O experimento teve duração de 20 semanas e foi dividido em 2 etapas: Etapa 1) duração de 16 se-manas com dieta hiperlipídica; Etapa 2): duração de mais 4 semanas, onde junto com a dieta foi fornecido o tratamento com liraglutida (0,15 mg/kg) diariamente por 4 se-manas. Nesse período foi realizado o controle alimentar, peso corporal e posterior-mente os animais foram submetidos à eutanásia para as avaliações de genotoxicidade e mutagenicidade através do Ensaio Cometa (sangue e fígado) e Teste de Micronú-cleos (medula óssea), respectivamente. Dentre os resultados obtidos, um aumento no peso dos animais que consumiram a dieta hiperlipídica em relação aos que consumi-ram dieta padrão foi verificado, isso devido maior ingestão de calorias por conta da densidade da gordura fornecida pela DH. Em relação aos dados do ensaio cometa em sangue, a DH e liraglutida, levaram a um aumento de dano ao DNA quando compara-dos ao controle e a liraglutida não se mostrou eficaz na reparação destes danos. No fígado, foi observado um aumento no grupo DH em relação ao grupo controle. Quando avaliado a mutagenecidade pela dieta DH e pelo uso da liraglutida, os dados mostra-ram que não houve diferenças significativas no grupo controle, com uso de liraglutida e DH + liraglutida. Assim, podemos concluir que a dieta hiperlipídica foi genotóxica e que o tratamento com liraglutida levou a instabilidade genômica. Mais estudos são necessários para entender o mecanismo da liraglutida na instabilidade genômica e dose.