Produção científica e dinâmica da serrapilheira em floresta atlântica no Brasil

Abstract

As florestas tropicais são ecossistemas de grande produtividade, onde a maior parte da energia e nutrientes é voltado à manutenção e crescimento das árvores e de suas estruturas, as quais normalmente são substituídas em resposta aos fatores bióticos e abióticos, formando a serapilheira. A serapilheira compreende a camada superficial do solo e exerce inúmeras funções no equilíbrio e dinâmica dos ecossistemas florestais. A produção de serapilheira influencia diretamente na quantidade de nutrientes que retornam ao solo e seu acúmulo está diretamente relacionado com a atividade decompositora dos micro-organismos e com o grau de conservação dos ecossistemas. O estudo da serapilheira em florestas tropicais se torna essencial pelos processos dinâmicos que envolvem a matéria orgânica do solo, principalmente, entre diferentes fases de sucessão ecológica da Floresta Atlântica. Diante disso, a dissertação teve como objetivos analisar a produção científica sobre serapilheira em Floresta Atlântica no Brasil por meio de buscas exploratórias nas bases de dados científicas (SciELO, Scopus e Web of Science) e avaliar a dinâmica da serapilheira em um remanescente de Floresta Ombrófila Densa Montana em distintas fases de sucessão ecológica secundária do Parque Estadual da Serra Furada, Sul de Santa Catarina. Foram encontrados 393 artigos publicados e indexados em três bases de dados consultadas (1987-2019), justificada em razão da serapilheira proporcionar abrigo, alimentação e local para reprodução de várias espécies. Contudo, diante da elevada biodiversidade e diversidade de ecossistemas presentes na Floresta Atlântica constatou-se baixo número de publicações científicas indexadas, quando analisada as classes de estudo, principalmente àquela relacionada à influência dos fatores abióticos sobre a deposição e acúmulo de serapilheira no solo. Estimou-se produção, acúmulo e decomposição serapilheira (maio/2014 a abril/2015). A produção anual da serapilheira produzida apresentou diferenças em sua totalidade e, entre as áreas estudadas, sendo estimada em 7,74 Mg.ha-1, 12,93 Mg.ha-1 e 13,69 Mg.ha-1, para as áreas florestais em fases inicial, intermediária e avançada de sucessão ecológica, respectivamente. A fração folhas apresentou maior contribuição em todas as áreas estudadas, sendo 5,20 Mg.ha-1 (67%), 7,71 Mg.ha-1 (60%) e 8,32 Mg.ha-1 (60%) para as áreas em fases inicial, intermediária e avançada de sucessão ecológica secundária, respectivamente. Os valores médios mensais da serapilheira acumulada no solo foram de 1,23 Mg.ha-1, 4,48 Mg.ha-1 e 4,53 Mg.ha-1 e os coeficientes de decomposição foram de 6,28, 2,89 e 3,02, respectivamente, nas florestas inicial, intermediária e madura do PAESF. No Estado de Santa Catarina, observou-se que as florestas têm menos da metade do estoque original de madeira e de biomassa e um número muito reduzido de espécies arbóreas, em consequência de constantes intervenções humanas, as quais levaram a fragmentação dos remanescentes florestais. Adicionalmente, a fragmentação eleva as taxas de mortalidade de árvores, influenciando na diversidade de espécies florestais e composição, além de alterar a estrutura do ecossistema, podendo levar a mudanças nos processos ecológicos, como a produção de serapilheira e a ciclagem de nutrientes.