Efeito da suplementação de melatonina sobre parâmetros genotóxicos, bioquímicos e inflamatórios em camundongos alimentados com dieta cafeteria

Abstract

O sobrepeso e a obesidade estão aumentando drasticamente nos últimos anos, devido ao aumento do consumo de fast foods. Indivíduos obesos apresentam uma diminuição das defesas antioxidantes, podendo levar à danos ao DNA. Dessa forma, estudos estão sendo conduzidos a fim melhorar as complicações ocasionadas pela obesidade. Para tanto, pesquisas em animais estão utilizando a dieta cafeteria (CAF) como modelo de indução de obesidade, uma vez que ela é baseada no consumo de alimentos ultraprocessados. Atualmente tem se estudado estratégias dietéticas complementares para prevenir e/ou melhorar as complicações causadas pela obesidade, como compostos naturais com efeitos antiobesidade. Dentre esses compostos, a melatonina (MEL) vem se destacando devido às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da suplementação de melatonina sobre parâmetros bioquímicos, genotóxicos e perfil inflamatório em camundongos alimentados com CAF. Para tanto, foram utilizados 60 camundongos machos Swiss, divididos em seis grupos experimentais (n=10): Dieta Padrão (DP) – alimentados apenas com ração padrão (21 semanas); DP + MEL – alimentados apenas com ração padrão e suplementados com melatonina (24 semanas); CAF – alimentados com CAF (21 semanas); CAF + MEL – alimentados com CAF e suplementados com melatonina; CAF / CAF + MEL – alimentados com CAF nas primeiras 17 semanas e nas últimas quatro semanas continuaram o consumo de CAF e iniciaram o consumo de melatonina, totalizando 17 semanas; CAF + MEL / CAF - alimentados com CAF e suplementados com melatonina nas primeiras 17 semanas e nas últimas quatro semanas pararam o consumo de melatonina, totalizando 21 semanas. Foram realizadas coletas de sangue dos animais em 17 e 21 semanas afim de avaliar danos ao DNA, perfil lipídico (triglicerídeos, colesterol total e HDL), hepático (ALT e AST), perfil inflamatório (TNF-α e IL-10), glicemia de jejum e realização do teste de tolerância à insulina dos animais nos seis grupos experimentais. Ao final do experimento os animais foram eutanasiados e o fígado, rim, gordura e medula óssea foram retirados para realização dos demais testes: Ensaio Cometa, Teste de Micronúcleo, estresse oxidativo e Western Blot. Dessa forma, pode-se observar que a CAF induziu a um quadro inflamatório com aumento de TNF- α e diminuição de IL-10, acompanhando de alteração no perfil lipídico e hepático, além disso levou a danos ao DNA nos tecidos avaliados e resistência à insulina, quando os animais foram suplementados com MEL durante 17 semanas pode-se observar que houve uma reversão destas alterações. Nas últimas quatro semanas de experimentação observou-se que a CAF levou ao estresse oxidativo e danos em fígado, rim e medula óssea. A MEL foi eficaz para atenuar essas alterações presentes nos camundongos obesos, sendo que o principal mecanismo pelo qual a MEL atua na redução de danos ao material genético seria através da modulação das proteínas envolvidas com o processo de reparo do DNA na recombinação homóloga e não-homóloga. Em conclusão, os resultados demonstram que a MEL é um eficiente antioxidante, podendo ser um candidato a reduzir as alterações bioquímicas e genéticas presente na obesidade.